Reportagem

Ecossistema português de empreendedorismo cresceu graças à Web Summit

Na décima edição da conferência realizada em Lisboa, falámos com a Startup Portugal, Unicorn Factory Lisboa e Beta-i para perceber qual o impacto do evento na inovação e empreendedorismo nacional. O balanço é muito positivo.

Web Summit 2025© Sam Barnes/Web Summit

A edição de 2025 da Web Summit já terminou e fica um balanço positivo do evento deste ano, mas também das restantes nove edições passadas. Com 71 386 attendees (participantes) de 157 países, este ano o grande destaque foi para o número de investidores que cresceu 74% em relação a 2024, para 1 857. Paddy Cosgrave, fundador e CEO da Web Summit, disse na conferência de imprensa habitual que dá no segundo dia da conferência que «é o maior número alguma vez registado». O responsável salientou que «o coração da Web Summit são as startups» e que, segundo a Crunchbase, «duzentas das startups em fase inicial do ano passado conseguiram levantar rondas iniciais de quase 750 milhões de euros». Além do número recorde de investidores, Paddy Cosgrave adiantou mais algumas razões para considerar que a décima edição foi «a melhor de sempre». Entre elas o «maior número de delegações com 268 de 82 países», novo palco «New Media e o China Summit», uma área inteiramente dedicada ao país asiático. O responsável salientou ainda que as «pessoas vêm ao evento para descobrir o futuro» e adiantou que é na «Web Summit que o futuro nasce». Por outro lado, destacou o papel dois presidentes da Câmara de Lisboa no desenvolvimento do evento, em especial Carlos Moedas que diz ser uma pessoa que «não tem medo de correr riscos» e de ser «pró-activo».

O «efeito Web Summit»
Na inauguração do stand da Startup Portugal, o director executivo do organismo, Miguel Aguiar, falou da importância de colocar «startups, empreendedores, grandes empresas a trabalhar em conjunto» e de «trazer também a academia, as universidades, as escolas e os centros de investigação para junto das empresas». O responsável referiu que «é crítico conseguir ter uma aproximação maior para que se comecem a resolver os problemas que as corporates têm e estas empresas consigam identificar esses desafios para transportar para a academia e para as startups. Só fazendo essa rede e esse network é que se consegue criar mais-valia e produtos com maior valor acrescentado para ir para o mercado nacional e para o mercado internacional».

Sobre o que chama de «efeito do Web Summit», Miguel Aguiar explicou que «a transformação que ocorreu no ecossistema, na relação com os investidores, no volume de investimentos que existe hoje comparado com o de há 10 anos é incompreensivelmente maior. Há 10 anos não tínhamos unicórnios e agora temos vários unicórnios no mercado, não tínhamos empresas a chegar à fase de scaleup e agora temos». Ainda sobre o impacto das dez edições da conferência, o director executivo da Startup Portugal concluiu que «é incomensuravelmente maior o nível do ecossistema de empreendedorismo e inovação hoje em dia» graças à Web Summit.

Destacar Portugal
Gil Azevedo, director executivo da Unicorn Factory Lisboa, esclareceu que «o País pré-Web Summit não era um País em que as pessoas de fora olhassem e dissessem que a inovação em Portugal era relevante a nível mundial» e que o evento teve essa «capacidade de dar destaque a Portugal, em particular na área da inovação, que muito rapidamente passou a ser um dos centros das atenções a nível internacional e que o resultado está vista no número de empresas tecnológicas que se estabeleceram em território nacional nos últimos anos». O responsável realçou o caso da Natixis que «é a maior empresa tecnológica empregadora do município do Porto». Além disso, referiu que, em Lisboa existem «83 hubs tecnológicos que abriram nos últimos 3 anos que geraram 3 mil postos de trabalho». Assim, «o Web Summit foi uma das peças deste puzzle e se não fosse esta visibilidade inicial e depois todos os anos reforçar a mensagem e atrair para aqui startups internacionais, investidores internacionais, empresas internacionais, Portugal não conseguia competir com países que são, obviamente, maiores e com economias até mais desenvolvidas que a portuguesa. A Web Summit teve esse grande papel e continua a ter esse grande papel».

Evolução do ecossistema
O balanço das dez edições do Web Summit por parte da Beta-i também é positivo, mas ainda há muito a fazer para que o ecossistema se desenvolva. Diogo Teixeira, co-fundador e CEO da consultora, revelou «não há dúvida que a Web Summit é uma das âncoras que fazem desenvolver o ecossistema de empreendedorismo em Portugal», mas que é «preciso não ter ilusões, não é suficiente». O responsável explicou os motivos para isso: «Através da Web Summit, vieram para Portugal uma série de empresas grandes de base tecnológica e as startups também perceberam que Portugal era um destino onde podiam abrir a sua empresa ou localizar os seus escritórios na Europa, ou seja, para startups do Brasil, para startups da América do Norte e até da Ásia. Uma das principais lacunas que o nosso ecossistema continua a ter não é tanto, neste momento, dinheiro para investir, mas podemos dizer que é smart money no sentido uma comunidade de VC com experiência em escalar, que é onde o nosso ecossistema tem mais dificuldades. A Web Summit atrai todos os anos a Portugal esses fundos e depois estabelecem-se aqui relações e fazem-se apresentações que são duradouras».

Diogo Teixeira disse ainda que é o evento que «permite uma Unicorn Factory estar-se a desenvolver como está» e, «por isso, a Web Summit continua a ser uma peça muito importante para o desenvolvimento do nosso ecossistema, continua a ser uma boa mostra de que Portugal é um País que investe em empresas de base tecnológica e que tem as condições para que elas se desenvolvam».

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