Durante a IFA 2025, conversámos com Patrícia Dias, country manager de Portugal e Espanha da TCL Communication, que falou da estratégia da marca para o País e sobre o que a torna diferente da concorrência.
Como é que a TCL se posiciona no mercado nacional?
O grupo TCL tem origem na China e é um dos maiores produtores de electrónica de consumo; veio há muitos anos para a Europa e começou a fazer joint ventures, nomeadamente com a Alcatel. Em 2019, Portugal foi um dos países escolhidos para lançar a marca TCL, dado o seu posicionamento com a Alcatel. Nessa altura, esta marca era número 2 ou 3 em quantidade e tinha uma presença muito forte em operadores. A TCL entrou acima da Alcatel e, depois, veio substituir os vários modelos. Nas televisões, começámos mais ligados à Worten e com uma gama de entrada de 32 polegadas. Hoje em dia, vendem-se todos os tipos de televisões com boas quotas de mercado. Vendemos equipamentos de 98 polegadas, até porque a partir das 55 polegadas somos muito competitivos em termos de preço. Isto, porque muito do core business da empresa vem da parte dos displays. Por um lado, nas televisões, temos uma série de inovação ao nível dos displays com os LED, mini-LED e QLED; por outro, nos telemóveis, vamos na quarta geração de uma tecnologia própria, a NXTPaper. É como se fosse mesmo papel, tem vindo sempre a evoluir e o que faz é, através de várias camadas na construção do ecrã, reduz até 64% os danos da luz azul que danifica os olhos.
O que vos distingue da concorrência enquanto marca?
A TCL, como um grande grupo que é, está muito preocupado com a saúde, o bem-estar e a sustentabilidade do próprio consumidor. E todas estas inovações têm que ver com tentar cuidar da saúde ocular. Como não vamos conseguir mudar os hábitos que estão um bocado enraizados na sociedade, vamos tentar minimizar os danos pela utilização dos ecrãs. Na parte de telemóveis, esta tem sido a nossa grande vantagem competitiva face aos nossos concorrentes, porque a NXTPaper estamos a ir mais ao encontro de pais preocupados com a saúde dos filhos. E não só nos telemóveis, mas também nos tablets. Porque, às tantas, neste mercado é mais polegada, menos polegada, mais megapixel, menos megapixel de câmara, mais memória, menos memória. Os telefones são todos um bocadinho iguais, com algumas mudanças, nomeadamente ao nível do formato. A TCL tentou distinguir-se da concorrência por este caminho, que também é tentar ter uma oferta cada vez mais diferenciada e, por isso, chegar também a segmentos mais altos do próprio mercado.
Como é que está a ser o ano de 2025 para a TCL Communication em Portugal?
Este ano, no negócio dos tablets, tem havido um crescimento maior que o esperado e temos tido um grande sucesso. Portugal não era um país em que as pessoas utilizassem muito tablets, mas acho que a parte educacional está a virar-se também um bocadinho para esse lado e há escolas a usar tablets em vez de livros. Acho que é o que tem feito crescer mais este mercado e também o conceito NXTPaper, que quando explicado, ninguém fica indiferente. Por isso, se for bem explicado no ponto de venda, normalmente consegue facilmente conquistar o consumidor final. O negócio dos telemóveis está um bocadinho mais estável, mas esta é uma situação de mercado geral, não é só a TCL.
Qual é a estratégia para o mercado nacional? Têm planos para lançar os outros segmentos, em Portugal?
Há planos para lançar projectores, mas estão um bocadinho atrasados, pois tem havido alguma dificuldade em termos samples. Não é um mercado muito grande em Portugal ao contrário de França, dado o tamanho das casas. Mas começa a haver cada vez mais procura. Há outras áreas de negócio que também vêm para Portugal, nomeadamente as linhas castanha e branca com frigoríficos, máquinas de lavar e ar condicionados. Por isso, a ideia é lançar o total do ecossistema. A TCL, normalmente não se atira de cabeça, temos sempre uma estratégia step by step. Quando temos uma linha de negócio mais consolidada, lançamos a próxima.
Que balanço fazem destes cerca de seis anos no mercado em Portugal enquanto TCL?
Tivemos anos excepcionais em 2020 e 2021, durante o COVID. A seguir, o mercado retraiu-se e houve uma estagnação. Acho que tem sido uma experiência muito positiva, porque, em Portugal, temos conseguido lançar as várias linhas de produtos. Se calhar, há países que estão mais avançados numas e menos avançados, noutras. Quando as televisões foram lançadas, os telemóveis ajudaram um bocadinho. Agora, estamos noutra fase, as televisões estão a puxar um bocadinho mais pelos telemóveis. Mas isto é o que faz uma empresa ter este nível de diversificação, serve para não estarmos sempre só dependentes de uma linha de negócio.
É muito positiva esta interacção entre as várias linhas de negócio que dão uma visão do consumidor final diferente da marca. A ideia é continuar a crescer por todas as razões.
Tendo em conta o conhecimento que tem do mercado português, o que é diferenciador no consumidor português?
O consumidor português valoriza o bom serviço de pós-venda, a durabilidade, o aspecto do produto e paga mais um euro para ter um produto mais bonito, não é assim em todos os mercados. É um consumidor que procura muito as melhores características, ao melhor preço. No fundo, vai um bocadinho ao encontro da missão da TCL, que é a democratização do mercado, que é tornar acessíveis tecnologias que estão em segmentos muito mais altos. Isto tem acontecido nas várias linhas do produto. É o caso do NXTPaper e, por outro lado, quando se introduziu o Mini-LED, aconteceu também nas TV. Foi dar uma excelente tecnologia a preços mais acessíveis e com uma qualidade igual a marcas de topo. Hoje em dia, a TCL, em várias linhas de produtos e consoante o país, já anda na luta com essas marcas. A estratégia de mercado da TCL, vai muito ao encontro do consumidor português.
Como é que estão a integrar IA nos vossos produtos?
Já estamos a usar inteligência artificial em tudo o que nos possa a ajudar. Mais uma vez, a TCL não tenta ir contra a tendência. Estamos a integrar a inteligência artificial em diversas linhas de negócio. É o caso da qualidade da imagem e som, nas TV; e da fotografia, nos telemóveis. Usamos inteligência artificial de uma maneira que facilite a vida do consumidor. Acho que devemos utilizá-la de um modo a facilitar a nossa vida, sem nunca deixarmos de ter interferência do humano na própria utilização da tecnologia.
Onde é que gostaria de ver a TCL nos próximos anos?
Daqui a dois ou três anos gostava de ver a TCL nos três primeiros lugares do mercado, nas várias linhas de produto, mesmo que não sejam todas ao mesmo tempo. Acho que temos capacidade e know-how para enfrentar as marcas de topo e sermos uma alternativa credível: este tem de ser o nosso objectivo. Nas várias linhas de produto onde estamos, queremos ser uma alternativa e estarmos nos três primeiros lugares.






