A Atlantic Converge vai ter a sua segunda edição este ano. Ivo Ivanov, CEO da DE-CIX, uma das empresas fundadoras do evento explica o que poderemos esperar desta edição e a importância do mesmo para Portugal.
Com o surgiu a ideia de criar este evento? O que motivou a escolha e manutenção do evento em Lisboa?
Não há local mais adequado do que Lisboa. Portugal situa-se no cruzamento dos fluxos digitais globais — estrategicamente posicionado entre a Europa, a África e as Américas. Com vários novos cabos submarinos a amarrar em Portugal e o aumento dos investimentos em data centers de hiperescala e verdes, Lisboa está rapidamente a tornar-se numa das portas de entrada digitais mais importantes do Atlântico. A realização da Atlantic Convergence em Lisboa envia um sinal claro: Portugal não está apenas pronto para a liderança digital global — está a moldá-la activamente. O sucesso da edição inaugural do ano passado significa que as expectativas para a segunda edição são elevadas! Vemo-la como muito mais do que uma conferência — é um ponto de encontro estratégico onde construtores de infraestruturas, fornecedores de cloud, governos, investidores e inovadores se reúnem para moldar o futuro da conectividade digital transatlântica. Na DE-CIX, acreditamos que esta segunda edição ajudará a transformar conversas em acções: aprofundando as parcerias entre a América Latina, a Europa e África, acelerando o investimento em infraestruturas, especialmente em cabos submarinos, centros de dados e plataformas de interligação, e promovendo Portugal como uma porta de entrada resiliente, sustentável e neutra para múltiplos continentes. E não são apenas as nossas expectativas, mas também as expectativas dos fundadores do evento – das quais não só a DE-CIX, mas também a AtlasEdge, a CAMTEL, a EllaLink, a Interfiber e a MEO Wholesale Solutions se juntam novamente como patrocinadores para a segunda edição. Além disso, temos uma lista completa de Patrocinadores Ouro, incluindo Telcables/Ciena, edgoo, KIO Data Centers e Nokia.
O que podemos esperar de diferente entre a edição passada e a deste ano?
Enquanto a edição inaugural de 2024 lançou as bases para o diálogo e reuniu mais de 500 participantes de mais de 60 países, esta segunda edição – já com quase 700 participantes confirmados – aproveita este impulso e com um foco maior na Segurança, Confiança e Conformidade. Estes temas centrais reflectem a crescente importância da soberania digital, do alinhamento regulatório e da resiliência das infra-estruturas num contexto global em rápida evolução. O objectivo deste ano é ir além das conversas puramente técnicas e da discussão de oportunidades transatlânticas para uma construção eficaz de estruturas e parcerias que acelerem a transformação digital, melhorem a resiliência e garantam o crescimento inclusivo em toda a região do Atlântico. O primeiro evento serviu de catalisador para a acção, resultando no reforço da colaboração em novas iniciativas de cabos submarinos (agora em planeamento avançado) e em parcerias para o desenvolvimento de data centers em Portugal. Lançou também as bases para diálogos políticos sobre a cooperação digital transfronteiriça. A segunda edição pretende acelerar a próxima fase de desenvolvimento – desde sistemas submarinos e data centers de hiperescala até plataformas de interligação.
Quais os principais destaques da agenda deste ano?
A Atlantic Convergence 2025 é um fórum estratégico focado em moldar o futuro da infraestrutura digital transatlântica e possui uma agenda abrangente organizada em torno de vários temas centrais e questões cruciais. A edição deste ano tem um foco mais específico na Segurança, Confiança e Conformidade. Estes temas reflectem a crescente importância da soberania digital, do alinhamento regulamentar e da resiliência das infraestruturas. O evento irá abordar directamente a forma como a cibersegurança desempenha um papel crítico no estabelecimento e na manutenção da confiança no ecossistema digital transatlântico, facilitando o diálogo sobre estratégias de resiliência, mecanismos de conformidade e coordenação de resposta a incidentes. Outro tópico que será explorado é a intersecção entre a infraestrutura digital e o contexto global: Geopolítica, Geoestratégia e Soberania. A questão da soberania é abordada em termos de segurança e de infraestruturas, reconhecendo, por exemplo, o papel fundamental dos cabos submarinos para o crescimento económico, a soberania digital e a estabilidade geopolítica. E, por fim, vale a pena mencionar um terceiro eixo: as tecnologias e infraestruturas emergentes e inovações estão a remodelar o panorama digital transatlântico, influenciando as estratégias de segurança e a escalabilidade das infraestruturas, como inovações, como a IA, a computação quântica, a conectividade de última geração (incluindo 6G) e a infraestrutura por satélite estão a remodelar o panorama digital em toda a região do Atlântico. Estas tecnologias não estão apenas a impulsionar a transformação empresarial, mas também a influenciar as estratégias de segurança, a escalabilidade da infraestrutura e os quadros regulatórios.
Quais são as expectativas e objectivos que esperam alcançar com esta edição?
Esta edição da Atlantic Convergence é mais do que diálogo, trata-se de moldar o futuro. Estamos num ponto de viragem em que a infraestrutura digital, a IA e a sustentabilidade precisam de se unir para construir ecossistemas resilientes e centrados no ser humano. Ao unir visionários de ambos os lados do Atlântico, queremos traçar um caminho rumo a um mundo conectado que seja não só mais rápido e inteligente, mas também mais justo e verde. O nosso objectivo é gerar ideias e parcerias que se repercutam muito para além deste evento, ajudando a definir a sociedade digital de amanhã.
Não há qualquer dúvida sobre a crescente utilização de tecnologias de IA e de dados, como é que vêm o impacto desta tecnologia na infraestrutura digital?
A IA já não é apenas uma aplicação que corre em infraestrutura digital – está a remodelar a própria infraestrutura. O enorme crescimento do tráfego de dados, a procura de latência ultrabaixa e a necessidade de caminhos de dados seguros e soberanos significam que as redes, os centros de dados e as plataformas de interligação têm de evoluir mais rapidamente do que nunca. Para viabilizar o futuro impulsionado pela IA, precisamos de ecossistemas digitais mais inteligentes, mais verdes e mais resilientes – só assim poderemos libertar todo o potencial desta tecnologia para as empresas e para a sociedade.
Há cada vez necessidade de centro de dados e há vários investimentos previstos para Portugal. De que forma uma conferência como a Atlantic Convergence pode ajudar nestes negócios e a atrair investimento para o País?
Na sequência da primeira edição da Atlantic Convergence, assistimos claramente a um crescente reconhecimento do papel estratégico de Portugal no panorama global das infraestruturas digitais. O evento ajudou a destacar a vantagem geográfica do país, a sua estabilidade política e regulatória e a sua abertura ao investimento internacional na economia digital. Observámos um entusiasmo crescente tanto por parte dos sectores público como privado, com novos projectos e parcerias a ganhar forma – particularmente em torno de amarração de cabos submarinos, desenvolvimento de centros de dados em hiperescala e expansão de plataformas de interligação neutras em termos de centros de dados e operadores, como a DE-CIX Lisboa. Houve também uma aceleração notável no investimento. Participantes de toda a Europa, das Américas e de outros países consideram Portugal não só como um ponto de amarração, mas também como um centro estratégico de distribuição para o tráfego de dados entre continentes. O compromisso da construção de corredores digitais – como o que existe entre Lisboa e São Paulo – tem vindo a ganhar força. Acreditamos que a segunda edição da Atlantic Convergence irá consolidar ainda mais esta tendência. Oferece uma plataforma de alto nível para decisores políticos, operadores de infraestruturas, plataformas de cloud e conteúdos e investidores alinharem visões, identificarem sinergias e se comprometerem com a próxima fase do crescimento digital. Não se trata apenas de demonstrar potencial – trata-se de mobilizar capital, talento e estratégia. Portugal está bem posicionado para se tornar um pólo central no mapa global das infraestruturas digitais, e eventos como a Atlantic Convergence desempenham um papel fundamental para tornar esta visão numa realidade.
Como é que a Atlantic Convergence pode contribuir para Lisboa se transformar num hub estratégico digital?
A Atlantic Convergence contribui para a transformação de Lisboa num polo digital estratégico de múltiplas formas, atuando como um fórum estratégico que alinha infraestruturas, políticas e investimentos transatlânticos. A principal forma como o evento impulsiona esta transformação é consolidando o papel da cidade como um ponto de encontro central para a cooperação e acelerando o investimento em infraestruturas digitais essenciais. A Atlantic Convergence reforça o papel de Lisboa como um verdadeiro ponto de encontro para a cooperação digital, geopolítica e económica entre a Europa, África e as Américas. O evento é também um impulsionador do Investimento e do Desenvolvimento de Infraestruturas. O fórum visa traduzir o diálogo em acção, impulsionando o desenvolvimento concreto das infra-estruturas que está na base do estatuto de Lisboa enquanto pólo. A edição inaugural funcionou como impulsionador, resultando no surgimento de parcerias em torno do desenvolvimento de centros de dados em Portugal e no reforço da colaboração em novas iniciativas de cabos submarinos. A Atlantic Convergence cria um ambiente onde as questões de governação e segurança essenciais para a confiança internacional podem ser abordadas, aumentando a atractividade de Lisboa como um ponto de interligação fiável.