Tendências

Estudo revela que é preciso mais financiamento europeu na inovação

O Banco Europeu de Investimento (BEI) divulgou um relatório que mostra que é preciso mais investimento em scaleups para fomentar a inovação e para que a Europa possa ser competitiva em termos tecnológicos.

jcomp / Freepik

O ‘The Scale-Up Gap: Financial Market Constraints Holding Back Innovative Firms in The European Union’ revela que um maior investimento neste tipo de empresas avaliadas entre quinhentos milhões e dez mil milhões de dólares, e consequentemente na inovação por estas criada, é fundamental para que a União Europeia possa competir com o resto do mundo, em termos tecnológicos.

De acordo com dados da PitchBook, existem 261 scaleups na Europa comparadas com 248, no ecossistema de Silicon Valley e 70, em Londres, no Reino Unido, mas nos EUA há maior acesso a financiamento. Dados do Investment Survey de 2023 feito pela instituição bancária indicam que apenas 4% das startups de rápido crescimento inquiridas procuraram investimento externo em comparação com apenas 1,7% nos Estados Unidos. Isto deve-se à dificuldade no acesso ao financiamento, que é corroborada por um relatório do Fundo Europeu de Investimento (parte do Grupo BEI), segundo o qual 66 % dos gestores de fundos de capital de risco entrevistados afirmaram que as oportunidades de financiamento para as empresas se expandirem na Europa eram insuficientes. Na verdade, o número de fundos de venture capital entre 2013 e 2023 é também muito díspar: mais de 7160 nos EUA, em comparação com 1335 existente no Velho Continente. É por isso que o BEI indica que as scaleups europeias são «mais susceptíveis de não terem acesso a financiamento que as empresas norte-americanas», o que limita o seu «crescimento, produtividade e a capacidade de gerar emprego».

Mais investimento
A dimensão limitada dos mercados de capitais da UE dificulta a capacidade das scaleups conseguirem capital, o que se traduz no facto de o investimento europeu em capital de risco ser cerca de seis vezes inferior ao dos Estados Unidos. Isto faz com que, após dez anos de actividade, estas empresas mobilizem 50% menos capital que Silicon Valley. O estudo sugere que a solução passa por um «crescimento do mercado de capital de risco» e fala do papel do banco europeu e dos seus fundos de investimento. Em 2023, o Grupo BEI realizou financiamentos no valor total de 88 mil milhões de euros na União Europeia, cujas previsões apontam que corresponda a um aumento de 1,03 % do PIB. O investimento público é, assim, vital na Europa já que 49% das scaleups beneficiam deste tipo de financiamento versus 28% nos EUA.

Nadia Calviño, presidente da entidade, refere isso mesmo: «O Grupo BEI está a desempenhar um papel importante no apoio ao ecossistema de inovação da Europa. Estamos prontos para fazer mais, especialmente para preparar o caminho para uma verdadeira união dos mercados de capitais, uma prioridade fundamental para impulsionar o crescimento sustentável e a criação de emprego».

A eliminação dos obstáculos ao investimento privado, concluir a união dos mercados de capitais e intervenções públicas específicas podem ser fundamentais para que, na Europa, haja mais inovação e esta fique dentro das suas fonteiras, já que as startups europeias em fase de expansão recebem frequentemente apoio de investidores estrangeiros. Assim, quando isto acontece, a propriedade intelectual pode mudar de mãos e a probabilidade de serem adquiririas por organizações de fora da UE é elevada. Para o BEI, esta tendência «retira talento empresarial à Europa e prejudica as perspectivas da próxima geração de startups europeias em fase de arranque». Debora Revoltella, directora do departamento de economia do banco, alerta que é fundamental resolver os problemas de crescimento das empresas inovadoras para garantir que a Europa permanece na vanguarda dos avanços tecnológicos e mantém a sua competitividade global».

O relatório afirma ainda que colmatar o défice de financiamento das empresas em fase de expansão permitiria avanços tecnológicos em domínios como a tecnologia verde, a inteligência artificial e a computação quântica.