Oscar García de Andoin explica como Portugal se tornou uma peça relevante na estratégia ibérica da tecnológica. O responsável destaca o papel central dos parceiros, o avanço da automação e a importância da inteligência artificial na próxima fase de crescimento.
O mercado português tem vindo a ganhar expressão na estratégia da Appian. Que papel desempenha Portugal dentro da estratégia da companhia para o sul da Europa?
Começámos a operar em Espanha em 2017, o primeiro país da região, e depois alargámos as operações a Portugal. Trabalhar com o mercado português faz parte da nossa estratégia global, tanto pelo potencial que Portugal representa dentro do mercado ibérico, como pela importância de desenvolver um ecossistema local forte. Além disso, temos pessoas dedicadas a fazer crescer esse ecossistema de parceiros e a criar uma rede capaz de responder às necessidades do mercado português.
Como está hoje esse ecossistema português? Quantos parceiros têm no País? Ainda estão a construí-lo? É diferente do espanhol?
Temos em Portugal um ecossistema de parceiros já maduro. Estratégica e operacionalmente, a nossa prioridade é trabalhar com parceiros, pois são eles que melhor compreendem as necessidades dos clientes, conhecem bem a nossa proposta de valor e a implementam no terreno. O nosso papel é apoiá-los através da equipa de alianças. Este ecossistema assenta em três tipos de parceiros: empresas multinacionais com presença em Portugal, parceiros que operam também em Espanha e que trazem boas práticas já consolidadas, e alguns parceiros locais. Não quero mencionar nomes, porque teria de referir todos, mas trabalhamos com mais de 15 parceiros activos em Portugal.
Qual é a estratégia
Sobretudo, a nossa estratégia não é ter o maior número possível de parceiros, mas sim um ecossistema mais focado, com relações mais estratégicas e sustentadas. Isto significa conhecer as suas capacidades, os sectores onde atuam e o grau de especialização que têm, para podermos trabalhar de forma mais eficaz e alinhada. Fazemos planos de negócio conjuntos, promovemos formação, partilhamos tendências de mercado e acompanhamos a evolução das suas competências. A Appian está actualmente muito focada na automação, na integração entre processos e dados e é essencial que os nossos parceiros dominem estes elementos.
O negócio da Appian em Portugal passa, sobretudo, pelos parceiros?
Diria que sim. Embora não seja 100%, a grande maioria dos negócios em Portugal envolve parceiros, quer porque identificam oportunidades, quer porque colaboram connosco na recomendação e implementação da tecnologia. A nível global, a Appian trabalha sempre em estreita colaboração com parceiros, e em Portugal essa estratégia é ainda mais relevante, porque permite escalar, chegar a mais clientes e responder com agilidade às necessidades do mercado.
No contexto ibérico, quais são hoje as principais apostas? E que diferenças observam entre Portugal e Espanha, nomeadamente no nível de maturidade digital e na adopção de plataformas low-code?
Os sectores em que estamos a ver maior impacto, tanto em Espanha como em Portugal, são o financeiro, o público, o da energia e, em Portugal, também o retalho. É nestes segmentos – administração pública, banca, energia e retalho – que identificamos projectos mais interessantes e transformadores. Em Espanha há um grau de maturidade digital mais avançado, em parte devido a um maior investimento na digitalização da administração pública. Ainda assim, temos vindo a integrar-nos em vários projectos públicos em Portugal, porque vemos que o principal motor é a melhoria do serviço ao cidadão. Até porque a Appian permite que as entidades públicas ofereçam uma experiência mais eficiente quando um cidadão precisa de realizar um pedido, aceder a um apoio ou tratar de um processo. A nossa plataforma ajuda, efectivamente, a automatizar tarefas, a gerir casos e a aplicar inteligência artificial, contribuindo para uma administração mais ágil e eficiente. Por outro lado, a rapidez no desenvolvimento e a capacidade de automatização fazem com que as instituições consigam implementar mais controlos e cumprir melhor a regulamentação. No sector financeiro, temos clientes de longa data tanto em Portugal como em Espanha e estamos a ver um forte movimento de modernização de sistemas legados. A Appian, através do low-code e da automação, permite desenvolver aplicações complexas de forma muito mais eficiente e com impacto directo na rentabilidade dos projectos. Outro ponto relevante é o papel crescente da inteligência artificial. A combinação entre IA, dados e automação é a marca distintiva da Appian. Nascemos no mundo dos processos e da automação e fomos evoluindo até integrar tudo numa única plataforma. A IA é hoje uma peça estratégica e vai acelerar ainda mais esta transformação. Recentemente, a Appian foi reconhecida como líder no Quadrante Mágico da Gartner. É algo importante, porque a Gartner consolidou num único quadrante as tecnologias mais relevantes – low-code, RPA e automação – reconhecendo o valor de uma plataforma que integra todos estes componentes.
Também lidera as alianças estratégicas na América Latina e no Médio Oriente. Que sinergias identifica entre esses mercados e a realidade europeia? São muito distintos?
Na verdade, são mais parecidos do que se pensa. No Médio Oriente, por exemplo, as necessidades de digitalização e modernização são muito semelhantes. As empresas querem construir soluções por cima dos sistemas legados, criar aplicações de negócio de forma rápida e eficiente e obter uma visão integrada dos seus processos. No Médio Oriente há um grande impulso para a transformação digital, especialmente na Arábia Saudita, onde trabalhamos com vários clientes no contexto da ‘’Visão 2030, uma iniciativa governamental com forte capacidade de investimento na modernização do país. Na Europa tivemos também fundos de apoio à digitalização, e é essencial que as organizações saibam aproveitá-los para desenvolver projectos estruturais. Em geral, vemos projectos muito semelhantes nas diferentes regiões, embora a velocidades distintas. Na América Latina, por exemplo, a digitalização ainda não está tão avançada como na Península Ibérica. No entanto, há um enorme potencial de talento, e em Portugal vemos uma oportunidade para que os nossos parceiros possam trabalhar além-fronteiras. As empresas portuguesas têm profissionais altamente qualificados e competitivos, e isso pode ser uma excelente alavanca para a expansão da Appian e dos seus parceiros para outros mercados.
Falando uma vez mais de alianças, já mencionou que grande parte da sua função está centrada na relação com parceiros e no ecossistema. Que modelo de colaboração tem demonstrado ser mais eficaz? E como se mede o impacto dessas alianças nos resultados regionais?
O modelo mais eficaz é aquele em que conseguimos estabelecer alianças verdadeiramente estratégicas. Como referi, o nosso objectivo não é ter muitos parceiros, mas trabalhar com um número mais reduzido de forma mais profunda e comprometida. Isso passa por desenvolver planos conjuntos, compreender bem as capacidades de cada parceiro e perceber de que forma podem dar uma melhor resposta aos seus clientes. Não se trata apenas de a Appian querer colaborar, também é essencial que os parceiros estejam comprometidos em trabalhar connosco. Esse compromisso mútuo é o que gera valor.
A Appian ajuda os parceiros a tornarem-se mais estratégicos nos projectos que têm com os seus clientes. Eles conhecem o negócio e os desafios das organizações, e a nossa tecnologia permite-lhes responder de forma mais rápida e eficiente a essas necessidades.
Por isso, o modelo que melhor resulta é aquele em que o parceiro entende claramente o valor que a Appian lhe oferece e o traduz em resultados concretos para o cliente final.
Mas estamos a falar de exclusividade?
Não, de todo. Não trabalhamos com exclusividade. O que procuramos é o tal compromisso.
De aposta, portanto.
Exactamente, de aposta. Se temos, por exemplo, um parceiro que conhece profundamente o sector financeiro – algo muito comum em Espanha, e que também acontece em Portugal no sector público –, o que queremos é criar uma aliança de maior valor com esse parceiro e concentrar esforços nesse sector. Isso acaba por se reflectir num melhor serviço ao cliente final. Esta estratégia mais focada e colaborativa é aquela em que acreditamos e que tem dado melhores resultados. Queremos parceiros com quem possamos definir uma estratégia conjunta e trabalhar lado a lado. E é igualmente importante que esses parceiros consigam fazer um bom delivery. O nosso objectivo é que sejam eles os ‘prime contractors’, que liderem os projectos, com o nosso apoio quando necessário, através dos serviços profissionais e das equipas de pré-venda e formação que disponibilizamos. Mas o protagonismo é sempre deles.
Que balanço faz do Appian World em Portugal?
O balanço é muito positivo. Já participei em vários Appian World – em Espanha, Riade, Itália e, brevemente, no México – e o evento em Portugal superou as expectativas.
Houve uma participação muito relevante, com uma excelente representação do tecido empresarial português. Tivemos um equilíbrio muito saudável entre parceiros e clientes, e o nível dos cargos das pessoas presentes foi alto. O interesse pelas plataformas de hiperautomação foi notório, e isso vai traduzir-se em oportunidades concretas de negócio.
Fiquei também muito agradavelmente surpreendido com a pontualidade e o envolvimento dos participantes. As pessoas assistiram até ao final, mostraram interesse genuíno e contribuíram para um ambiente muito produtivo. Foi igualmente importante a presença dos nossos parceiros, como a Deloitte, Indra, NTT e Accenture, que apresentaram casos de uso de clientes, e também da EY, que partilhou uma solução de compliance desenvolvida em conjunto connosco. Entre os clientes, estiveram presentes nomes como a EDP e o Santander, que mostraram experiências concretas com a nossa tecnologia. O evento procurou reforçar o posicionamento da Appian, muito centrado na inteligência artificial, e mostrar o valor prático das nossas soluções através de casos reais. Também quisemos destacar o modelo de construção de soluções que os parceiros desenvolvem e levam ao mercado, acelerando o crescimento. Acreditamos que os nossos parceiros são verdadeiros motores de crescimento tanto para o país como para a própria Appian.
Por fim, porque é que uma empresa deve escolher a Appian como fornecedor e não outra plataforma?
Tudo depende do que a empresa pretende alcançar. A Appian não serve para todos os contextos, mas é a escolha certa para organizações com operações complexas, clientes exigentes e projectos de transformação em larga escala. Pensemos, por exemplo, num banco que quer reformular os seus processos operacionais, numa seguradora que quer modernizar a gestão de sinistros ou numa entidade pública que precisa de prestar serviços mais eficientes aos cidadãos.
Essas organizações precisam de uma plataforma sólida, capaz de resolver problemas de negócio complexos e com todas as capacidades integradas – automação, RPA, low-code e inteligência artificial – num único sistema. Isso permite responder às necessidades actuais e futuras com muito mais eficiência. Outras soluções no mercado não integram todos estes componentes e obrigam a recorrer a várias tecnologias desconectadas, o que aumenta custos de integração, formação e manutenção. Por isso, escolher a Appian é optar por uma plataforma unificada, robusta e preparada para crescer ao ritmo das exigências do negócio.









