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Administração pública quer usar agentes de IA para aumentar a eficiência operacional

Um estudo global do Research Institute da Capgemini mostra que a grande maioria das organizações do sector público quer implementar tecnologias de Agentic AI nos próximos anos.

Ricardo Santos Lopes © Capgemini

O ‘Data Foundations for Government – From AI Ambition to Execution’ revela que 90% da administração pública quer focar-se na Agentic AI nos próximos dois a três anos, o que significa usar agentes de IA generativa capazes de realizar tarefas e tomar decisões com a mínima intervenção humana. De acordo com o estudo, 39% das organizações do sector público querem avaliar a viabilidade da Agentic AI, 45% têm planos para testar soluções e 6% tencionam expandir as iniciativas que já têm em curso.

Por outro lado, 64% das organizações já avançaram para projectos-piloto e implementações em larga escala. A adopção destas tecnologias é transversal às diferentes áreas e níveis de governo, (central, regional e local) independentemente da sua dimensão, refere o relatório da Capgemini que inquiriu entidades nas regiões da América do Norte, Europa, Ásia-Pacífico e Médio Oriente.

Ricardo Santos Lopes, head of business growth & executive board member da empresa em Portugal, salienta que os agentes de IA estão a «emergir como uma prioridade estratégica no sector público global» e que Portugal «acompanha esta tendência com crescente interesse», já que estes agentes são «capazes de agir autonomamente com base em raciocínio/adaptação e têm potencial para transformar a prestação dos serviços públicos, automatizando tarefas complexas e libertando recursos humanos para funções mais estratégicas».

Assim, no País, e embora a «maioria das iniciativas ainda esteja em fase de avaliação ou piloto», a Capgemini tem identificado um «interesse crescente, especialmente em áreas como o atendimento ao cidadão e a gestão documental, apesar de persistirem desafios como a escassez de competências técnicas e a necessidade de reforçar as infraestruturas digitais».

Dados são o maior desafio
O estudo identifica como principais barreiras a confiança, a conformidade, a gestão e a partilha de dados. Ricardo Santos Lopes salienta que há um «baixo nível de maturidade das organizações públicas em relação à preparação de dados para IA», uma vez que «menos de 25% demonstraram ter elevados níveis de maturidade em qualquer dimensão crítica de readiness, como infraestrutura escalável, cultura orientada por dados ou competências analíticas». O responsável realça ainda que «apenas 10% se consideraram muito maduras na escalabilidade da infraestrutura e só 7% na promoção de competências em dados e IA». Isto «revela que a maioria das entidades públicas ainda não dispõe das bases necessárias para tirar partido da IA de forma eficaz». Apesar disso, os chief data officers estão a ter uma importância crescente, com 64% das organizações do sector público a indicarem que têmum CDO e 24% a planearem nomear um brevemente.

O head of business growth da Capgemini Portugal diz que a «persistência de obstáculos estruturais, como a fragmentação dos sistemas, a resistência cultural à mudança e a falta de investimento em competências e tecnologia» são, também, «impedimentos à implementação da tecnologia e que isso significa que, «sem uma abordagem coordenada e estratégica, o potencial transformador da IA continuará por concretizar».

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