No re:Invent 2024, Margaret O’Toole explicou como a AWS está a ajudar os seus clientes e a serem mais sustentáveis e todas as iniciativas que a empresa tem para atingir a meta de zero emissões líquidas de carbono até 2040.
Como é que a AWS ajuda os clientes a tornarem as suas operações de TI mais sustentáveis?
Trabalhamos com os clientes de várias formas diferentes em termos de sustentabilidade. E olhamos para isso sob três perspectivas. A primeira é o que chamamos de sustentabilidade da cloud, e isso é tudo o que estamos a fazer para atingir os nossos próprios objectivos e estão relacionadas com os nossos programas de energia renovável, energia livre de carbono e iniciativas de economia circular, tudo o que estamos a fazer em termos de eficiência e novos componentes nos data centers. Todos os clientes que trabalham com a AWS beneficiam desses investimentos e da ambição global da Amazon de ter zero emissões líquidas até 2040. Como há uma responsabilidade partilhada, queremos que os clientes sejam incrivelmente intencionais sobre a forma como utilizam a AWS, a ferramenta certa para o trabalho certo, no momento certo e na quantidade certa. Esta é a segunda categoria. E a última categoria é o que chamamos de sustentabilidade através da cloud, que, na verdade, trata-se de ajudar a combinar a melhor tecnologia digital com as equipas de sustentabilidade. As equipas de precisam de ferramentas na nuvem para facilitar as suas outras iniciativas. Por exemplo, precisam de ferramentas para a contabilização do carbono, para acompanhar as alterações nos recursos naturais, para medir a biodiversidade, para melhorar a sua própria eficiência energética e todos estes tipos de coisas. Por isso, trabalhamos com os clientes nas três vertentes, mas, na verdade, trata-se de ajudar os clientes onde quer que estejam no seu percurso de sustentabilidade. E tendo milhões de clientes, temos obviamente um enorme espectro que procuram coisas diferentes.
Em relação ao segundo pilar, como ajudam os clientes a atingir os seus objectivos de sustentabilidade?
A primeira é o AWS Well-Architected Framework que tem um pilar de sustentabilidade e em que o princípio central é que queremos que os clientes trabalhem em direcção a métricas de eficiência. E quando pensamos em como os clientes constroem aplicações na AWS, e na realidade como os engenheiros constroem em geral, a mentalidade é, por precaução, ter um extra em todas as cargas de trabalho. Isto é óptimo, mas tem de se considerar a resiliência e os requisitos não funcionais do que realmente precisamos de construir. Assim, o pilar da framework tem uma secção chamada processo de melhoria, que descreve como pensamos e em que orientamos os clientes para avaliarem a formas como criam soluções. Resume-se a estabelecer um rácio entre os recursos fornecidos e a unidade de trabalho. Assim analisamos a quantidade de trabalho que está a ser feito com esses recursos, para começar a pensar na eficiência da forma como construímos na AWS. Adicionalmente, também fazemos workshops, temos vários vídeos de formação disponíveis na nossa plataforma gratuita Skill Builder e a nossa Solutions Library. Esta tem uma secção de sustentabilidade, onde existe uma grande quantidade de recursos. É uma biblioteca de soluções em que os clientes podem usar modelos que já foram criados e que servem de orientação. Não é uma solução pronta para produção, mas uma forma de começar mais rapidamente.
Outra área são as soluções de parceiros. Os nossos parceiros conhecem melhor do que ninguém os seus sectores, os desafios e objectivos específicos e, por isso, queremos aproximá-los dos clientes, para que seja mais fácil para estes encontrarem as empresas certas para trabalharem.
Por último, tentamos trabalhar com os clientes que têm desafios que ainda não estão resolvidos e trabalhamos de trás para a frente e com o programa de inovação digital. Isto porque precisamos da equipa de sustentabilidade e das contrapartes técnicas que vão realmente construir a solução na mesma sala e, por isso, juntá-las e utilizarmos um mecanismo para resolver um desafio de forma partilhada é bastante eficaz.
Dependendo do cliente, também estamos a tentar desenvolver ferramentas para facilitar uma série de programas de sustentabilidade diferentes. Por exemplo usando IA generativa e grandes modelos de linguagem e temos uma demo em que construímos um modelo de base em dados geoespaciais para detectar padrões na forma como a natureza muda e monitorizar mudanças nos ambientes naturais, por exemplo, para acompanhar a desflorestação.
Fizemos um estudo no início deste ano com a Accenture para perceber qual é o impacto de passar do on-prem para a AWS e que pode ajudar a reduzir a pegada de carbono das cargas de trabalho de IA em até 99%. E normalmente, os clientes mudam e depois tomam outras decisões de optimização. Fizemos esta análise em vários países e geografias e o relatório é bastante detalhado. A AWS é 4,1 vezes mais eficiente do que um centro de dados on-premise. Assim, os clientes verão um potencial de redução de carbono se mudarem para a AWS e depois terão benefícios adicionais se decidirem optimizar.
Qual é a maturidade da maioria dos clientes? Há diferenças regionais?
Temos tantos clientes que podemos encontrar um cliente mais avançado em termos de sustentabilidade em todas as geografias e também podemos encontrar um programa de sustentabilidade imaturo em qualquer país. Mas os clientes que vemos a avançar rapidamente são, na verdade, as multinacionais. Também vemos muitos avanços na área da tecnologia climática. Estão a ser fundadas startups com a intenção explícita de trabalhar no sentido de encontrar novas soluções de sustentabilidade para vários desafios. Esta é também uma das razões pelas quais temos aceleradores para ajudar a lançar estas empresas. Mas também temos muitas empresas que estão em diferentes fases; trabalhamos com algumas organizações que estão realmente avançadas em termos de eficiência energética.
E no que diz respeito ao primeiro pilar? Ou seja, o que está a fazer a AWS em termos de sustentabilidade?
A AWS faz parte da Amazon e por isso também estamos a trabalhar para atingir a meta de zero emissões líquidas até 2040. Temos uma série de programas para ajudar a reduzir o impacto ambiental da nossa actividade. Temos o objectivo de sermos positivos em termos de consumo de água até 2030, o que significa que devolvemos às comunidades mais água do que a que utilizamos nas nossas operações directas. A nível global, estamos a 41% de atingir esta meta. Em termos de economia circular e sendo o nosso principal activo os data centers há que considerar os componentes; queremos ter a certeza de que estamos a pensar de forma holística sobre o que isso significa para todo o negócio. Assim, quando desactivamos hardware de um centro de dados, enviamo-lo para um centro de logística inversa onde podem acontecer várias coisas. Pode ser renovado e reutilizado pela AWS, pode ser recondicionado e revendido no mercado para ser utilizado por outra pessoa ou reciclado. O que acontece, é que isto evita que 99% seja depositado em aterros.
Na Amazon temos também um programa bastante robusto em matéria de energia. Somos o maior comprador empresarial de energia renovável do mundo. Investimos fortemente em vários projectos em todo o mundo e temos mais de 240 projectos eólicos e solares. Estabelecemos o objectivo de sermos 100% renováveis até 2030 e alcançámo-lo em 2023. O próximo passo inclui alguns investimentos em energia nuclear e SMR (pequenos reactores modulares).
Por último, a nível operacional anunciamos recentemente novos componentes para os data centers e estamos a mudar a forma como colocamos os servidores no centro de dados, de modo a ter uma melhor programação que nos permita ter mais cargas de trabalho de clientes. Mudámos a forma como distribuímos fontes de alimentação ininterruptas e de backup, e também adoptámos arrefecimento líquido sempre que possível. Todas estas eficiências e inovações permitem-nos ter mais 12% de workloads de clientes por data center. Queremos ter essa densidade o mais elevada possível, o maior número possível de cargas de trabalho de clientes em todas as instalações.
Os centros de dados têm geradores de reserva que utilizariam normalmente energia diesel, mas temos vindo a mudar para diesel renovável, que tem uma intensidade de carbono 90% inferior. Como é óbvio também utilizamos betão e aço na construção da estrutura dos data centers e temos trabalhado com fornecedores de vários sectores para desenvolver opções com menor teor de carbono. Assim, conseguimos reduzir as emissões de carbono associadas à estrutura dos centros de dados em 35%. Por isso, estamos a tentar olhar para todas as partes da equação.
A IA generativa implica muito poder computação, o que leva a um problema de sustentabilidade. Como é que se gerem este desafio?
A tecnologia sempre se moveu rapidamente, e sempre tivemos mudanças e inovações e coisas no comportamento do cliente que exigiram que como indústria, reflectíssemos. Quando olharmos para trás, por exemplo, construímos o Lambda de uma maneira específica e, com o tempo, conseguimos eficiências em torno de micro VM e outras tecnologias. Isto é um pouco o nosso DNA. Sempre tivemos esse princípio de liderança, essa mentalidade e queremos estar na vanguarda da inovação, mas temos de descobrir como o fazer da forma mais eficiente possível. A IA generativa é a ferramenta certa para alguns trabalhos, mas não é a ferramenta certa para todos os trabalhos. Por isso, cabe-nos também a nós e aos clientes exercer bom senso e dar a orientação. Temos publicações no blogue sobre a optimização de cargas de trabalho de IA generativa. E a primeira pergunta é: certifique-se de que realmente precisa destra tecnologia.
Como vê o futuro da sustentabilidade? Quais serão as principais tendências nos próximos anos?
Há muito mais colaboração entre as equipas de sustentabilidade e as equipas de tecnologia. Estou entusiasmada com o que este trabalho conjunto pode significar para a sustentabilidade em geral. Segundo um estudo, 86% da contabilização do carbono é feita com o Excel, mas como foi realizado há alguns anos, estou certa de que esse número é um pouco melhor actualmente. Quanto mais conseguirmos eliminar o trabalho manual e introduzir automação, mais rapidamente os clientes vão conseguir avançar e mais bem-sucedidos serão os seus programas. Outra inovação interessante que estamos a ver nos clientes tem sido mais no espaço de desenvolvimento e como podemos utilizar HPC, ou seja, clusters de computação de alto desempenho para fazer investigação sobre coisas como a fusão nuclear e a capacidade de fazer análises dinâmicas de plasma. Penso que há muitos motivos para nos entusiasmarmos. Além disso, os nossos clientes estão a ultrapassar os limites da sua indústria de muitas formas.