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O potencial económico da IA 

A IA generativa tem o potencial de acrescentar cerca de vinte mil milhões de euros ao PIB anual de Portugal, transformando sectores como a banca, tecnologia e retalho. Contudo, são necessários investimentos em formação e políticas para mitigar os impactos sociais.

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Segundo o documento encomendado pela Google, e que aborda o mercado nacional, este potencial económico não se distribui de forma uniforme por todos os sectores. Os serviços empresariais intensivos em conhecimento lideram a lista, com um potencial estimado de seis mil milhões de euros. O sector de comércio, transporte e turismo poderá beneficiar em até cinco mil milhões de euros, com a administração pública, educação e saúde a apresentarem um potencial de quatro mil milhões de euros. O estudo sublinha ainda que o sector do turismo tem um potencial estimado de mil milhão de euros em dez anos: «O facto de o sector dos serviços empresariais intensivos em conhecimento ter o maior potencial de beneficiar da IA generativa demonstra claramente o impacto transformador que esta tecnologia pode ter na nossa economia, baseada no conhecimento. Mas não devemos, nem podemos, negligenciar outros sectores», desde o comércio ao transporte e ao turismo: «É essencial desenvolver estratégias específicas para cada sector, maximizando assim o potencial da IA em toda a economia».

Eficiência e capacidades amplificadas
No capítulo do mercado de trabalho, o estudo prevê uma transformação profunda e multifacetada. Aproximadamente 60% dos empregos em Portugal, o equivalente a cerca de três milhões de postos de trabalho, serão complementados pela IA generativa, o que significa que uma parcela significativa da força laboral portuguesa, nomeadamente profissionais e técnicos altamente qualificados, verá as suas capacidades amplificadas e a sua eficiência melhorada.

Por outro lado, cerca de 6% dos empregos, correspondendo a aproximadamente trezentos mil postos de trabalho, são considerados altamente expostos à automação pela IA generativa. Sobre esta questão, Daniel Vaz observa ser fundamental que sejam desenvolvidos «programas de requalificação robustos para garantir que os trabalhadores possam ser reempregados em novas ocupações que surgirão com esta revolução tecnológica».

Mas a IA generativa não é apenas uma ferramenta para grandes empresas, realça o estudo, uma visão particularmente interessante se tivermos em conta que as PME representam cerca de 78% do emprego total em Portugal. O documento sugere que a facilidade de uso e a disponibilidade online de muitas ferramentas de IA generativa podem democratizar o acesso a esta tecnologia, permitindo que as PME aumentem a sua produtividade e competitividade. O estudo alerta que estas empresas estão, no entanto, a adoptar a IA de forma mais lenta em comparação com as grandes corporações: apenas 7% tiraram partido de ferramentas de IA em 2023, em contraste com 35%, no caso grandes empresas portuguesas.

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