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O potencial económico da IA 

A IA generativa tem o potencial de acrescentar cerca de vinte mil milhões de euros ao PIB anual de Portugal, transformando sectores como a banca, tecnologia e retalho. Contudo, são necessários investimentos em formação e políticas para mitigar os impactos sociais.

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Matthijs Olavi assume que a abordagem da União Europeia à regulamentação da IA, exemplificada pelo AI Act, é um esforço «louvável» para estabelecer padrões éticos e de segurança, mas alerta para as potenciais consequências não intencionais: «A classificação de sistemas de IA em diferentes categorias de risco, embora bem-intencionada, pode criar barreiras significativas para startups e PME europeias».

Para o senior researcher da Universidade de Tecnologia de Helsínquia, estas empresas «podem não ter os recursos necessários para cumprir os requisitos extensivos para sistemas de alto risco, o que pode inadvertidamente favorecer as grandes empresas tecnológicas já estabelecidas». Além disso, sustenta Matthijs Olavi, a implementação de códigos de conduta para modelos de IA de uso geral a partir de Agosto de 2025 pode limitar a capacidade da Europa em competir globalmente no desenvolvimento de tecnologias de IA fundamentais: «Para garantir que a Europa não fica para trás na corrida global da IA, precisamos de encontrar um equilíbrio mais fino entre regulação e inovação, possivelmente através de ‘sandboxes’ regulatórias e apoio direccionado às empresas europeias de IA».

IA será transformadora na economia portuguesa
Por cá, um estudo encomendado pela Google e realizado pelo Implement Consulting Group, apresentado no passado mês de Outubro, conclui que a IA tem o potencial para «impulsionar a competitividade da economia portuguesa através do aumento da produtividade e da valorização da inovação». Das palavras aos números, o relatório materializa que esta tecnologia poderá aumentar o PIB anual de Portugal em 18 a 22 mil milhões de euros, o que representa um esclarecedor acréscimo de 8% no ano de pico, previsto para ocorrer dentro de aproximadamente uma década.

Esta é uma perspectiva que encaixa na visão do economista Daniel Vaz que, à businessIT, diz não ter dúvida de que a IA generativa representa uma oportunidade sem precedentes para a economia portuguesa: «Com este potencial de aumento do PIB anual numa década, é mais que óbvio que estamos perante um catalisador de crescimento. Este aumento de 8% no PIB anual no ano de pico é uma perspectiva transformadora para o País. Mas convém não esquecer o facto crucial de entender que este potencial só será alcançado se Portugal conseguir uma adopção generalizada da tecnologia, alinhada com os países líderes nesta área». Segundo Daniel Vaz, isto requer um esforço «concertado de todos os sectores da economia, bem como um forte apoio governamental em termos de políticas e investimentos».