Reportagem

Amazon Q Developer vai permitir desenvolver software ainda mais rápido, mas não vai tornar os programadores «obsoletos»

A ferramenta de geração de código com inteligência artificial da Amazon Web Services tem novas funcionalidades que vão dos testes à modernização de mainframes e workloads de VMware. No entanto, apesar de todas estas novidades, os programadores vão continuar a ser precisos.

Jonathan Weiss @ AWS

No evento anual global da AWS, Re:Invent, Jonathan Weiss (Director Software Development da AWS e managing director do development center germany da Amazon) explicou que lidera uma equipa de «cerca de 2500 pessoas em Berlim a trabalhar em muitos projectos diferentes para a Amazon, desde a Alexa ao site», e que trabalha com «as ferramentas para programadores» da Amazon Web Services e deu exemplos como Q Developer ou o PartyRock.

O responsável esclareceu que o objectivo da ferramenta de código com IA generativa da AWS «é acelerar todo o ciclo de vida do desenvolvimento de software» ajudando os «programadores, desde o planeamento à implementação, aos testes e ao lançamento, a monitorizar e a gerir as aplicações de forma segura».

Impacto muito positivo
Jonathan Weiss salientou como vê o impacto do Amazon Q Developer no desenvolvimento de software a nível interno e externo: «Quando o usamos e os clientes, o que vemos é que está realmente a tornar os programadores mais eficientes, ajudando-os a concluir as tarefas mais rapidamente. Estamos apenas no início e, por isso, estamos a ver as primeiras melhorias que os clientes podem tirar e penso que, no futuro, haverá muito mais ganhos a ter em termos da rapidez com que se pode concluir uma tarefa de desenvolvimento».

Além disso, referiu que a empresa vai «continuar a investir para tornar a geração de código e ajudar a criar código muito mais fácil» e destacou algumas das novidades como «a integração do CloudWatch para o Q, que permite iniciar uma investigação de problemas operacionais e ajudar a resolver os problemas mais rapidamente» ou da possibilidade de «transformar aplicações .NET para Windows para Linux» ou «migrar e modernizar cargas de trabalho VMware e mainframe». E destacou também como a ferramenta ajudou «a poupar mais de 4500 dias de desenvolvimento e centenas de milhões de dólares».

Na área de aplicações de mainframe, a novidade apresentada poderá constituir uma revolução, mas Jonathan Weiss referiu que esta «é a primeira versão e apenas o início». O grande desafio é que se «trata-se de código com talvez 20 anos, muitas vezes não documentado, sem testes e que ninguém sabe exactamente o que esta funcionalidade está a fazer» sendo, por isso, «muito assustador tocar no código». Assim, «o primeiro passo que o agente de transformação está a fazer é criar documentação e testes para verificar se a funcionalidade está a funcionar correctamente e, em seguida, propor uma nova funcionalidade para que se possa utilizar em testes que estão a ser executados contra o código existente para confirmar que o novo código está a fazer o que é suposto fazer».

O futuro passa pelos programadores
O director de software development avançou que «ainda estamos apenas a arranhar a superfície do que é possível» já que a «tecnologia está disponível há pouco tempo e tenho a certeza de que, nos próximos anos, será ainda mais impressionante, porque o seu uso será mais generalizado e em última análise, será muito mais fácil e acessível ser um programador, aquilo a que chamamos um builder (construtor)». Sobre se os programadores se vão «tornar obsoletos» por causa do Q Developer, o responsável foi peremptório: «Não acho que seja esse o caso. Na verdade, acho que vai acontecer o contrário e que o impacto disso será a existência de mais programadores, porque será mais fácil ser um programador. Além disso, a necessidade de software no mundo provavelmente não está a diminuir. Obviamente é difícil prever o futuro, mas se tivesse de fazer uma aposta, diria que no próximo ano teremos mais programadores no mundo do que este ano».

Quanto ao futuro, Jonathan Weiss disse que os programadores vão «passar menos tempo em tarefas mais mundanas e aborrecidas que não são muito diferenciadoras» e aumentar «o trabalho excitante» usando «pensamento criativo para pensar em soluções para resolver problemas». O responsável indicou ainda que «os modos de interacção com o sistema de IA generativa vão mudar» e que «actualmente são baseados em chat e texto» e passar à «voz e imagens».

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