Além Fronteiras

AWS re:Invent – inteligência artificial para «resolver os problemas» das empresa

No evento anual global da Amazon Web Services (AWS), a tecnológica revelou as principais novidades ao nível da infraestrutura, armazenamento, base de dados e inteligência artificial generativa. A empresa considera que a IA generativa «vai ser um componente fundamental de qualquer aplicação».

Matt Garman © Noah Berger/AWS

A conferência da AWS, que reuniu quase sessenta mil participantes em Las Vegas e na qual a businessIT esteve presente, foi marcada por diversos anúncios que demonstraram como a tecnológica norte-americana se está a posicionar como um dos mais importantes players na área da IA generativa.

Matt Garman, CEO da AWS (que participou no seu primeiro re:Invent desde que chegou ao cargo, em Junho), destacou o potencial da IA generativa para as organizações e explicou que a IA generativa «tem o potencial de criar disrupção em todos os sectores de actividade». Isto, normalm,ente «acontece através das startups» e, por isso, «nunca houve um momento mais emocionante no mundo para ser uma» dessas empresas. O CEO anunciou ainda que, em 2025, a Amazon Web Services vai «dar mil milhões de dólares em créditos de cloud a startups».

O responsável indicou ainda que «quando se está a inovar, é importante começar pelo cliente», saber o que precisa e «não se limitar a fazer o que cliente pede, mas inventar a favor dele», o que Amazon designa como «trabalhar em sentido inverso» – isto é algo que faz parte do ADN da empresa «desde o início». Matt Garman referiu que a estratégia da AWS passa por oferecer «blocos de construção de serviços core», como computação, armazenamento, base de dados e inferência, que este é «o melhor modelo para consumir tecnologia». Para o líder da Amazon Web Services, a IA generativa «vai ser um componente fundamental de qualquer aplicação».

Aposta nos chips
O responsável apesentou novidades na área da computação com as Instâncias Trn2, que têm «dezasseis chips Trainium2» e uma «capacidade de 20,8 petaflops», sendo ideais para «LLM com biliões de parâmetros». Estas, oferecem «30% a 40% melhor relação preço-desempenho do que as instâncias actuais». Além disso, falou dos novos Trn2 UltraServer, que vão permitir aos clientes treinar LLM e modelos fundacionais: têm «64 chips Trainium2 interligados com tecnologia NeuronLink» e uma capacidade de computação até 83,2 petaflops». O grande anúncio da keynote ao nível do hardware foi, no entanto, o lançamento do Trainium3, em 2025, a próxima geração de chips de treino de IA» e a «primeira feita com processo de três nanómetros». O Trainium3 promete um desempenho «quatro vezes superior» ao do Trainium2 e uma maior eficiência energética.

A empresa apresentou ainda os novos recursos do Amazon S3 que tornam este serviço o «primeiro armazenamento de objectos em cloud com suporte totalmente gerido para Apache Iceberg». Assim, os clientes vão conseguir fazer «análises de datalakes mais rápidas» e «geração automática de metadados para simplificar a descoberta, compreensão e retirarem maior valor dos dados». Já o Amazon Aurora DSQL é a nova base de dados SQL distribuída «com 99,999% de disponibilidade multi-região, escalabilidade ilimitada, baixa latência e sem necessidade de gestão de infraestrutura».

Matt Garman revelou que a plataforma Amazon SageMaker foi unificada para integrar dados, analítica e IA e referiu o Project Rainier com a Anthropic vai consistir «num cluster de chips Trainium2» com «cinco vezes mais exaflops que o usado actualmente pela empresa» para treinar os modelos Claude.

Novos modelos da AWS
A keynote de Matt Garman contou com a presença do CEO da Amazon, Andy Jassy, que referiu que a empresa «usa inteligência artificial há 25 anos para resolver os problemas dos clientes» e «não porque é uma moda». O responsável apresentou os novos modelos fundacionais da AWS que vão estar disponíveis no Bedrock, o serviço que tem uma ampla variedade de LLM e modelos fundacionais para o desenvolvimento de aplicações de IA generativa. Os Amazon Nova incluem o Micro (modelo de texto muito rápido e de baixo custo), o Lite (modelo multimodal de processamento de imagem, vídeo e texto e que gera texto), o Pro (modelo multimodal «altamente capaz com a melhor combinação de precisão, velocidade e custo»), o Premier (mais avançado, «ideal para tarefas de raciocínio complexo»), o Canvas (modelo de geração de imagens) e o Reel (modelo de geração de vídeos).

Andy Jassy reforçou ainda que os novos Amazon Nova são «melhores que a concorrência» e que tal foi confirmado em benchmarks, dando como exemplo o facto do Nova Canvas ter «ultrapassando na maioria dos testes o Dall-E 3 e o Stable Diffusion 3.5». Além disso, realçou serem «75% mais baratos do que os outros modelos».

Swami Sivasubramanian
© Noah Berger/AWS

Bedrock em destaque
O serviço da Amazon esteve em foco no re:Invent com diversas novidades, entre as quais o Amazon Bedrock Model Distillation, que permite aos clientes transferir conhecimentos específicos de um LLM para um modelo mais pequeno e mais eficiente, que pode ser «até 500% mais rápido e 75% menos dispendioso de executar», avançou Matt Garman. O Bedrock vai ainda ter Automated Reasoning checks, ou seja, verificações de raciocínio automatizadas que «evitam erros factuais» já que o serviço vai «verificar se as declarações feitas pelos modelos são exactas» através de «verificações matemáticas que mostram exactamente como se chegaram a essas conclusões».

A AWS anunciou ainda a capacidade de, no Bedrock, se «orquestrar facilmente vários agentes de IA para resolver problemas complexos». Na sua apresentação, Swami Sivasubramanian (VP of AI and Data da AWS) falou ainda do Amazon Bedrock Markeplace, que vai disponibilizar mais de cem modelos fundacionais; do Data Automation, que permite transformar dados multimodais não estruturados em dados estruturados para aplicações de IA generativa e analytics; e do Guardrails Multimodal toxicity detection, que possibilita configurar salvaguardas para conteúdos de imagem.

Reforço do Amazon Q
O assistente de inteligência artificial da AWS para desenvolvimento de software, o Amazon Q Developer, tem, agora, a possibilidade de gerar e aplicar testes, documentação precisa e fazer revisão de código, além de permitir «transformar aplicações .NET para Windows em Linux em tempo reduzido, workloads VMware em arquitecturas nativas na cloud e modernizar aplicações mainframe, permitindo acelerar migrações com poupanças de tempo de mais de 50%», salientou Matt Garman. O responsável revelou ainda que o Q Developer ajuda agora a «investigar e resolver problemas operacionais em todo o ambiente AWS muito mais rapidamente».

Já o Amazon Q Business, o assistente dedicado às empresas, também foi alvo de melhorias nomeadamente na pesquisa de informação; análise de dados; execução de tarefas e insights e no QuickSight vai «permitir agora análises de cenários para ajudar os utilizadores a encontrarem respostas mais rapidamente para problemas complexos», disse Swami Sivasubramanian. O VP of AI and Data da AWS fechou a sua keynote com o anúncio do Amazon Education Equity Initiative, um programa que permitirá que organizações «desenvolvam ou expandam soluções digitais de aprendizagem para alunos carenciados em todo o mundo». Esta iniciativa vai dar «até cem milhões de créditos cloud e promover orientação técnica de especialistas da AWS durante os próximos cinco anos».

Parceiros em destaque
A vice president of Global specialists and partners da AWS, Ruba Borno, fez uma analogia entre uma orquestra e os parceiros da empresa. Assim, «os parceiros AWS desempenham um papel crucial na criação de soluções que respondem às necessidades dos clientes», em especial na segurança, algo que se assemelha à «harmonia» existente entre os instrumentos de uma orquestra.

A responsável referiu que as especializações são importantes e anunciou a categoria IA Security que demonstra «a profunda experiência de um parceiro na protecção de aplicações de IA e na utilização da IA para fazer face a ciberataques». Além disso, revelou a Digital Sovereignty Competency, foi concebido para os parceiros que ajudam os clientes a navegarem de forma a cumprirem todos os seus requisitos de soberania; a especialização Security Lake, para aqueles que «demonstram que os seus produtos e serviços funcionam sem problemas» com essa solução de segurança da Amazon; e por último a especialização em Security Incident Response Service, lançada em simultâneo com o serviço com o mesmo nome, que combina a «investigação e monitorização automatizada com comunicação e coordenação». Segundo, Ruba Borno, o «objectivo é oferecer aos clientes o mais vasto leque de especialistas, incluindo mais de 100 parceiros ISV de segurança, validados pelas especializações».

Por outro lado, avançou que o Buy with AWS já «está disponível para todos os parceiros». Esta funcionalidade permite integrar «o AWS Marketplace directamente nos websites» possibilitando, assim, «aos clientes descobrir soluções, solicitar preços e efectuar compras de forma mais fácil».

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