Um estudo da DE-CIX mostra que a Península Ibérica está prestes a tornar-se num mega hub regional e uma porta alternativa para a Europa para futuros fluxos internacionais de dados. Segundo o relatório, numa década, o número de Internet Exchange (IX) quase duplicou, passando de 5 para 13, com um crescimento de 1200% nas redes conectadas agregadas ligadas a estes IX, aumentando para bem mais de 700 em 2024.
O relatório ‘A Península Ibérica: Um mega hub regional de próxima geração’, quantifica o crescimento enorme da infraestrutura digital e do investimento na região ao longo da última década que conta agora com mais de 100 data centers e cerca de 1000 megawatts (MW) de capacidade instalada, para além de uma forte indústria de geração de energia renovável, prevê-se que a economia digital na região tenha um futuro promissor.
O estudo mostra que os sistemas internacionais de cabos submarinos que amarram em Espanha cresceram 83% desde 2016, e em Portugal 14%. Em meados de 2024, os sistemas internacionais de cabos submarinos de ligação à Península Ibérica totalizavam 35, estando mais cinco em construção e a entrar em funcionamento nos próximos 2 anos.
Na última década, o número de IX também cresceu, com importantes hubs em desenvolvimento em Madrid, Barcelona e Lisboa. O ecossistema ibérico cada vez mais diversificado atraiu novas redes regionais e internacionais para entrar na região. Só em Espanha, nos últimos dez anos, as redes internacionais ligadas aos IX cresceram mais de 800%, paralelamente às redes nacionais espanholas, atingindo cerca de 160 em 2024.
Em Portugal, as redes internacionais deixaram de estar a par das redes nacionais e passaram a representar cerca de 75% do ecossistema de interligação.
A necessidade de rotas alternativas, independentes de rotas fortemente congestionadas dos Estados Unidos para cidades europeias como Frankfurt, Londres, Amesterdão e Paris (conhecidas colectivamente como mercados FLAP) ampliou a importância da Península Ibérica no panorama digital europeu, explica o estudo.
A rota transatlântica de dados é a mais movimentada e competitiva do mundo. Os fluxos de dados transatlânticos são vitais para o relacionamento económico de 8,3 biliões de dólares (cerca de 7,5 biliões de euros) entre a UE e os Estados Unidos, representando mais de metade dos fluxos de dados globais da Europa e cerca de metade dos EUA. Mais de 90% das empresas sediadas na UE transferem dados de e para os EUA.
«O crescimento notável do ecossistema digital da Península Ibérica em apenas oito anos mostra a importância crescente da região e o valor económico da interligação para as economias digitais de hoje e de amanhã», explica Theresa Bobis, Directora Regional do Sul da Europa da DE- CIX.
Já Serge Radovcic do Grupo Dstream, co-autor do estudo, salienta que a região «está numa posição única para funcionar como uma porta digital entre a Europa e o mundo» e que «a sua localização estratégica nas margens do Atlântico e do Mediterrâneo, oferece as rotas mais curtas para a América do Norte e do Sul, África, através do Médio Oriente e mais além».
Além disso, «os mercados ibéricos formam uma rede robusta que posiciona a Península Ibérica como um player formidável no panorama digital global, capaz de atrair investimento e impulsionar o avanço tecnológico. Aqui, a vontade de cada mercado-chave de expandir, complementar e colaborar com os centros vizinhos é crucial para que a região prospere a uma escala maior».