Além Fronteiras

AWS Re:Invent: ajudar as empresas a reimaginar os negócios com ajuda de IA generativa

No evento anual global da Amazon Web Services (AWS), a tecnológica revelou a sua estratégia e novidades nas áreas de serverless e inteligência artificial generativa. O Amazon Q e os novos processadores Trainium e Graviton foram as grandes estrelas do Re:Invent 2023.

Adam Selipsky - Foto: Noah Berger

A conferência da AWS, que reuniu mais de cinquenta mil participantes em Las Vegas e trezentos mil online (e na qual a businessIT esteve presente), foi marcada por diversas apresentações, com as mais importantes a serem, sem dúvida, as da área de IA generativa – a empresa está numa boa posição para liderar, nesta área. O Amazon Q foi uma das novidades mais importantes anunciadas por Adam Selispky, CEO da AWS. Este assistente de inteligência artificial foi concebido para o «trabalho» e é uma nova “super-ferramenta” que, com simples comandos de linguagem natural, ajuda os programadores a serem «mais eficientes, a terem mais conhecimentos e competências», dando «assistência especializada em todas as soluções da AWS».

O Q pode ser adaptado ao negócio de cada empresa: permite obter respostas rápidas, relevantes e gerar conteúdo com base nos repositórios de informação, código e sistemas empresariais do cliente, como Microsoft 365, Slack, Salesforce, Dropbox e Amazon S3, tornando-se um «especialista do negócio». O assistente faz parte da solução de business intelligence da tecnológica, o QuickSight, cujo objectivo passa por «ajudar a reduzir o tempo de análise, a criação dashboards, de relatórios e criar conteúdos para partilhar com outras pessoas», indicou Adam Selispky. Além disso, vai fazer com que os utilizadores finais tenham acesso a «insights e informações, de forma mais rápida».

O assistente de IA também foi integrado no Amazon Connect, a solução de contact center da empresa, para oferecer uma experiência ao cliente diferenciadora, uma interacção com os utilizadores mais rápida (ao «facilitar o acesso aos dados e histórico dos utilizadores») e criar «resumos para que os supervisores possam gerir os serviços de forma mais eficaz». Mas a AWS não quer ficar por aqui: vai integrar o Amazon Q em cada vez mais serviços para «continuar a reinventar o futuro do trabalho».

Adam Selipsky – Foto: Noah Berger

Segurança é fundamental
O CEO salientou ainda a importância da segurança: «Os outros fornecedores lançaram ferramentas sem recursos de privacidade e segurança dos dados. É muito melhor incorporar a segurança no design da tecnologia. Por isso, quando nos propusemos a criar aplicações de IA generativa, sabíamos que tínhamos de colmatar estas lacunas. A segurança tinha de ser integrada desde o início».

É por isso que o Amazon Q tem controlos de acesso que restringem as respostas apenas à utilização de certos dados, ou com base no nível de acesso do colaborador, além de fornecer citações e referências das fontes originais, para verificação de factos e rastreabilidade. Na keynote, Adam Selispky falou ainda do novo serviço Guardrails for Amazon Bedrock, que serve para integrar políticas de inteligência artificial responsável e filtrar conteúdo prejudiciais/perigosos no serviço de modelos fundacionais da AWS, que serve de base para a criação de aplicações de IA generativa. Adam Selispky revelou que acredita que o Amazon Q «vai ser realmente transformador» e «fazer uma grande diferença nas organizações».

Novos chips e parceria com a Nvidia
Na área dos chips, Adam Selispky anunciou os novos processadores da AWS dedicados a machine learning e inteligência artificial generativa: Graviton4 e Trainium2. No primeiro caso, a mais recente versão do chip tem melhor desempenho, menor custo, maior eficiência energética e é, «em média, 30% mais rápido». Além disso, estes processadores têm «50% mais núcleos e 75% mais memória que os processadores Graviton3». Já o Trainium2 foi concebido para treinar modelos fundacionais e LLM até quatro vezes mais rápido que os mesmos chips de primeira geração, sendo «duas vezes mais eficientes».

O CEO da AWS destacou ainda que a empresa foi a «primeira a desenvolver os seus próprios processadores para servidores» e que tem «quatro gerações em cinco anos», enquanto outros fornecedores de cloud «ainda não apresentaram os seus primeiros chips».

No palco do Re:Invent esteve também Jensen Huang; o CEO da Nvidia anunciou uma parceria alargada com a Amazon Web Services – este será o primeiro provider a usar os novos processadores GH200 Grace Hopper, que estarão no mercado em 2024. Além disso, o responsável afirmou a fábrica de IA da Nvidia, a DGX Cloud, vai «passar a estar na hospedada na AWS» e que as tecnológicas estão a colaborar em diversas áreas, destacando o «Project Ceiba». Aqui, o plano é «construir o supercomputador de inteligência artificial na cloud mais rápido do mundo para impulsionar a inovação em IA generativa» da própria Nvidia.

Adam Selispky (AWS) e Jensen Huang (Nvidia) – Foto: Noah Berger

A oferta serverless
A AWS dedicou-se, há algum tempo, à computação serverless, para ajudar os clientes a simplificar as operações, para não terem de gerir a infraestrutura e poderem, assim, concentrar-se na criação de produtos/serviços e na inovação. Peter DeSantis, SVP da AWS Utility Computing anunciou três novos serviços nesta área: o Amazon Aurora Limitless Database (permite que, à «medida que as necessidades do cliente escalam e mudam as suas necessidades, o serviço de base de dados Aurora seja capaz de fazer os ajustes necessários e gerir a fragmentação existente de forma automática»; o Amazon ElastiCache Serverless (um serviço que cria caches altamente disponíveis em menos de um minuto e que escala instantaneamente para suportar as aplicações mais exigentes); e o Amazon Redshift Serverless, (usa inteligência artificial para prever os volumes de trabalho e dimensionar e optimizar automaticamente os recursos usados).

A importância das parcerias
Numa das últimas palestras do Re:Invent, Ruba Borno, vice president da AWS Worldwide Channels and Alliances, referiu que a rede de empresa tem já «150 mil parceiros» e que um estudo da Forrester concluiu que os parceiros de canal que «constroem e escalam no AWS Marketplace conseguem 234% de retorno sobre o investimento e quatro a cinco vezes maiores negócios». A responsável explicou a visão do fornecedor de cloud: «A IA está a ajudar os clientes a reimaginar a forma como fazem negócios, a transformar a sua cadeia de abastecimento e a obter eficiências que antes não eram possíveis. Queremos que os nossos parceiros ajudem o maior número possível de clientes a tirar partido das capacidades que a IA generativa tem para oferecer – para isso, criámos o Generative AI Center of Excellence».

Este centro dá «acesso directo e imediato aos recursos técnicos e conteúdo de formação» da AWS e de outras empresas já que foi desenvolvido em conjunto com diversas tecnológicas como a Anthropic, a IBM e a Capgemini.

O marketplace da tecnológica tem evoluído e ajudado os parceiros a terem mais clientes e a fazerem mais negócios. Ruba Borno destacou alguns números deste mercado e a estratégia da Amazon Web Services em relação aos parceiros: «Actualmente existem 2,5 milhões de subscrições activas no AWS Marketplace e nos últimos dois anos, o número de clientes activos aumentou 287%. Há produtos em setenta categorias, num total de mais de cinquenta mil resultados transaccionáveis. A nossa missão é fazer com que este seja o vosso caminho preferido para o mercado».

Ruba Borno – Foto: Noah Berger