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Capacidade de banda larga do Sul da Europa atinge 150 Tbps em 2020

O papel da Península Ibérica no ecossistema europeu da Internet é cada vez maior, de acordo com um estudo da DE-CIX, EllaLink e Interxio. A região aumentou a capacidade de banda larga em 25%, nos últimos cinco anos.

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O The Interconnection Map of Southern Europe analisa o impacto da expansão de data centers, bem como a importância dos novos cabos submarinos e pontos de intercâmbio para a transformação da Península Ibérica num ecossistema estratégico de interligação.

O Sul da Europa serve como uma grande porta de entrada para diversas regiões, mostra o estudo feito pela TeleGeography a pedido da DE-CIX, EllaLink e Interxion, e é especialmente importante para África e o Médio Oriente: quase um quarto da largura de banda internacional de Internet da África Subsaariana e um terço da capacidade internacional de Internet do Oriente Médio estão ligados ao Sul da Europa. Além disso, o Norte da África está profundamente dependente com o Sul da Europa, com mais de 80% de sua largura de banda internacional de Internet conectada à região.

O relatório revela que a largura de banda internacional da Internet no Sul da Europa (Portugal, Espanha, Bulgária, Grécia, Itália e Sul de França) aumentou quase 30% ao ano desde 2016, atingindo os 150 Tbps de capacidade entre todos os territórios. Um dos crescimentos mais significativos foi em Barcelona, que aumentou a sua largura de banda em 35% durante o período analisado e atinge agora os 5 Tbps. Ainda em Espanha, Madrid cresceu 18%, e tem quase 15 Tbps; em Portugal, Lisboa aumentou 24% a largura de banda desde 2016 e tem agora cerca de 7 Tbps.

Ivo Ivanov, CEO da DE-CIX International, explica que a Península Ibérica «está pronta para responder à crescente procura de interligação e tornar-se um hub essencial para o tráfego de dados proveniente da América, África, Médio Oriente e Ásia». O responsável afirma que «a crescente sofisticação dos conteúdos e aplicações digitais exige uma infraestrutura de interligação tão próxima quanto possível dos utilizadores finais». Segundo o mesmo, isto «assegura a menor latência possível, que se tornou a moeda de troca da era digital, e proporciona uma melhor experiência para pessoas e empresas».

A importância dos cabos submarinos
Os cabos submarinos são a infraestrutura que alimenta os data centers e os pontos de Internet exchanges entre a Europa e o resto do mundo. Actualmente, o Sul do continente conta com ligações através de 45 cabos submarinos, dez dos quais ligados a Espanha e nove a Portugal. Este número vai aumentar com os seis cabos que estão em vias de ser implementados: metade será ligada à Península Ibérica. Nestes estão o 2Africa e o Equiano que vão passar e amarrar em Lisboa, respectivamente. A implementação em curso do cabo da EllaLink que liga a América Latina à Europa, e que é o primeiro a ligar directamente estas duas regiões, é um exemplo da importância da posição geográfica de Portugal.

Diego Matas, COO da EllaLink, salienta que a implementação da empresa vai «reduzir drasticamente a latência entre a América Latina e a Europa» e salvaguarda que este tipo de projecto «tanto reforça e potencia as rotas existentes na Península Ibérica, como abre novas rotas e oportunidades para estabelecer uma interconexão cada vez mais diversificadas e de baixa latência».

Em Portugal, Lisboa é, há muito tempo, um ponto fundamental para cabos submarinos que vão da África à Europa Ocidental e sua relevância para a conectividade da África Subsaariana tem crescido nos últimos cinco anos. Segundo o estudo, a quantidade de banda de Internet conectada entre Lisboa e a África Subsaariana cresceu 46% anualmente desde 2016, quase duas vezes mais rápido que o crescimento entre Lisboa e qualquer outra região.