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Capgemini: 60% das empresas afirma ter recursos para fazer uma digitalização bem-sucedida

Estes recursos aumentaram 24% em apenas dois anos e o grande motor da evolução foi a pandemia.

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O Digital Mastery 2020: How organizations have progressed in their digital transformations over the past two years do Capgemini Research Institute revela que cerca de dois terços das empresas têm os recursos necessários a nível de tecnologia (60%) e de liderança (62%) para serem bem-sucedidas na implementação dos seus programas de transformação digital.

Com entrevistas a mil gestores de empresas com receitas anuais de pelo menos mil milhões de dólares de vários sectores de actividade, os resultados do estudo comparados com os 2018 para traçar o grau de evolução das competências/recursos digitais. Além disso, a Capgemini analisou a média das apreciações dos inquiridos em quatro categorias: talento e organização, operações, inovação de modelos de negócio e experiência do cliente (CX).

O relatório conclui-se que embora todas as empresas tenham evoluído nas suas jornadas de transformação digital em 2020, o fosso entre os digital masters e as restantes empresas se agravou e que a pandemia da COVID-19 revelou ser um importante acelerador da digitalização. As grandes empresas, com receitas no valor de 20 mil milhões de dólares ou mais, «demonstraram possuir uma clara vantagem na evolução dos seus recursos/competências digitais e de liderança», diz a Capgemini, em comunicado. Assim, cerca de 68% destas organizações afirmaram possuir as competências e os recursos digitais necessários, contra 55% das empresas com receitas no valor de menos de 10 mil milhões de dólares. O mesmo se passa no que diz respeito à liderança: apenas 57% das empresas de menor dimensão afirmaram possuir as capacidades de liderança necessárias para a concretização dos projectos de transformação digital, um valor marginalmente abaixo da média geral – que se situa nos 62%, mas mais distante dos 70% revelado pelas empresas de maior dimensão.

O estudo conclui igualmente que todos os sectores de actividade registaram uma evolução positiva nas suas competências digitais e de liderança nos últimos dois anos. O retalho destaca-se claramente dos restantes, com 73% das empresas a afirmarem que possuem os recursos digitais necessários para realizarem a transformação, um valor que contrasta com os 37% registados em 2018. Também o sector das telecomunicações sobressai em 2020, com 71% das empresas a dizerem que possuem os recursos necessários para a transformação digital e com os operadores a reformularem as propostas de valor dos consumidores, criando e oferecendo experiências digitais completas. O crescimento das competências é liderado pelo sector automóvel, que passou dos 32% em 2018 para 69% em 2020.

O estudo realizado pela Capgemini em 2018 revelou que as pessoas eram uma barreira significativa à transformação digital, mas actualmente empresas já estão a conseguir envolver mais os seus colaboradores nestas iniciativas, o que provocou uma subida deste rácio de 36% para 63%, em 2020. Apesar deste progresso, o estudo concluiu que menos de metade das empresas (48%) inquiridas estão a investir no desenvolvimento de soft-skills, tais como a inteligência emocional, a adaptabilidade e a colaboração. O estudo  revela também que a cultura se mantém de forma sistemática como uma das principais barreiras ao sucesso da transformação digital.

O estudo sublinha que, embora as organizações devam ter em atenção factores como a experiência do cliente, as operações e a tecnologia de negócio, devem também colocar ênfase na sustentabilidade e no seu propósito mais abrangente. Este aspecto passou a ser muito importante tanto para os clientes, como para os colaboradores. Os consumidores estão cada vez mais preocupados com a pegada ambiental e o impacto das alterações climáticas. Segundo outro estuda da Capgemini, o Consumer products and retail: How sustainability is fundamentally changing consumer preferences, 78% concordam que as empresas têm um papel mais importante a desempenhar na sociedade e que este vai além dos seus próprios interesses. No entanto, conclui que apenas 45% das empresas estão a acelerar os investimentos, os projectos e os compromissos relacionados com a sustentabilidade.

O relatório refere que «as empresas devem desenvolver plataformas de dados robustas, escalar os novos modelos de negócio e de relacionamento, bem como incorporar a sustentabilidade e os seus objectivos no núcleo do seu negócio, tornando-o parte da cultura organizacional». Por outro lado, a Capgemini revela que «urge igualmente que passem a encarar a tecnologia numa dupla perspetiva: a da transformação digital e a da sustentabilidade».