Amir Bozorgzadeh e Hossein Jalali, o actual CEO e CTO da Virtuleap, decidiram organizar um hackathon para ajudar ao crescimento da comunidade criativa independente ligada à realidade virtual (VR) no Dubai. Foi na segunda edição do evento que perceberam que «os únicos casos de uso críticos ligados à tecnologia eram nas áreas da saúde e educação», diz Amir Bozorgzadeh. E dentro dessas áreas, as actividades «mais entusiasmantes eram a avaliação cognitiva e o treino», salienta.
Assim, os parceiros de negócio decidiram criar uma startup ligada à VR e ao treino cognitivo já que «as aplicações de treino existentes com base em smartphones e tablets nunca provaram que funcionam no caso das doenças cognitivas», mas ao adicionar VR, «o cérebro acredita que a experiência é real» e com isso há «realmente melhoria das actividades», revela o co-fundador.
Treinar o cérebro vai ser natural
A startup está numa «intersecção entre a neurociência, a educação, a saúde, a computação espacial e machine learning» e o CEO explica que a visão é «criar um novo marcador de saúde digital para a detecção precoce de doenças cognitivas como a demência e Alzheimer, usando big data proveniente dos padrões de jogo de realidade virtual, dados esses adquiridos ao longo do tempo». Amir Bozorgzadeh esclarece que acredita que «treinar o cérebro com RV vai fazer parte de uma rotina saudável, tal como correr ou ter uma dieta saudável» e refere porquê: «A nossa tecnologia vai ajudar a prolongar a qualidade de vida dos idosos, as crianças com dificuldades de aprendizagem e capacitar a população em geral para conseguirem níveis cognitivos mais elevados».
Sobre o funcionamento, o empreendedor revela que cada pessoa, inicia sessão na app, a Enhance, e joga três títulos aleatórios numa sessão máxima de dez minutos. Cada um dos jogos «testa e treina um domínio cognitivo específico»; no fim de cada um, «é dada uma pontuação com base no nível de dificuldade que o jogador foi capaz de alcançar». O Enhance Performance Index (EPI) mostra «o desempenho cognitivo e avalia sete domínios: a orientação espacial, a memória, a atenção, a flexibilidade, capacidades motoras, o processamento da informação recebida e a capacidade de resolver problemas».
Actualmente, a startup trabalha com diversos instituitos de investigação na América do Norte e na Europa para «validar a eficácia dos mini-jogos e testar ainda mais casos de uso ao nível cognitivo e comportamental».
Talento e baixo custo
Amir Bozorgzadeh e Hossein Jalali optaram por Lisboa para criar a sua empresa já que sabiam que, em Portugal, conseguiriam «ter custos baixos» e acesso a «um excelente conjunto de talentos técnicos, de engenharia e científicos, além de uma elevada qualidade de vida», refere o CEO.
Sediada na LxFactory, a empresa conta com dez colaboradores e está-se a preparar para um investimento seed. Esse financiamento será usado para expandir as equipas de desenvolvimento e de ciência, em particular com data scientists e especialistas em machine learning.