Em relação aos resultados da empresa em Espanha – que segundo o CEO estão alinhados com Portugal -, Ruano diz que os números «estão em linha com os mundiais», o que torna a empresa «muito motivada». A divisão que mais cresceu foi a de PC, mas destaca o papel da empresa em outros negócios, como os Data Centers, onde cresceu dois dígitos. «A IBM vendeu 25 milhões de computadores entre 1995 e 2005. A Lenovo vendeu 140 milhões entre 2005 e 2019. Estamos, por isso, optimistas para 2020. Hoje, cada pessoa tem, em média, quatro dispositivos. Em poucos anos serão seis porque vão entrar muitos mais no nosso no dia-a-dia e no nosso ambiente de trabalho, o que abre uma oportunidade de quatro triliões de dólares para todos os players do mercado», explicou Alberto Ruano.
Portugal tem de representar 20%
No encontro com os jornalistas, o CEO admitiu que um dos desafios, já para este ano, é fazer com que Portugal chegue aos 20% das vendas totais da Lenovo na Ibéria, sendo que actualmente representa 15%. «Há algo que é particularmente diferente entre Portugal e Espanha: o cliente português é um ‘early-adapter’, é tecnologicamente avançado e valoriza mais as prestações do produto e não o preço. Quando fazemos uma boa oferta em Portugal, o cliente prefere as características do produto. Em Espanha, estamos mais focados no preço».
Recentemente, a empresa reorganizou-se sendo agora uma estrutura puramente ibérica, com o director de negócio B2B, que engloba o sector corporativo, grandes contas, administração pública, é o português Miguel Coelho: esta mudança também foi anunciada em Bucareste. «Queremos que o mercado rapidamente nos veja como ibéricos». Para alcançar a meta dos 20% em Portugal, Alberto Ruano diz que o sector da educação vai ter um papel fundamental. O CEO relembrou que há três anos, no mercado nacional, a Lenovo tinha 7% do mercado e agora é número dois de vendas.
Aliás o negócio B2B toma particular relevância no discurso de Ruano. Actualmente, em Espanha, 65% da facturação corresponde à área de consumo, em comparação com 35% das grandes contas, percentagens distintas das globais da companhia, já que 45% são grandes contas e 55% consumo.
Neste sentido, o CEO compromete-se a oferecer “pacotes” para empresas que melhorem a presença da marca em áreas profissionais e dá como exemplo o esforço para garantir que quando um cliente adquire um computador para o seu ambiente de trabalho seja acompanhado por um monitor da Lenovo.
O “problema” Huawei
No encontro com a imprensa ibérica, Ruano disse que a situação da Huawei, após o veto de várias empresas americanas, «não atinge» a Lenovo – também com sede na China – e acrescenta que não há alternativa senão «coexistir» com esta nova situação do mercado. «Sabemos o que está a acontecer ao nosso redor, mas continuamos no nosso próprio ritmo», acrescentou.
Além disso, em termos de possíveis mudanças nas tendências de consumo dos utilizadores, Ruano acredita que é «muito cedo» para dizer se esta situação afecta a Lenovo «positiva ou negativamente» e insiste que a empresa está focada nos seus próprios números.